terça-feira, 2 de dezembro de 2014

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Lição 02 Como estudar a Bíblia
A Bíblia não deve ser interpretada segundo nossas idéias particulares. Sua interpretação deve seguir as orientações que ela mesma oferece. Ao conjunto de regras que se deve usar na interpretação da Bíblia, chamamos de HermenêuticaHermenêutica significa interpretação do sentido das palavras, e a arte e ciência de interpretar textos sagrados ou leis. Não é uma ciência limitada somente à área bíblica, pois é usada, por exemplo, na área de direito, a hermenêutica jurídica.
A palavra hermenêutica vem do grego – hermeneo – que significa explicar, interpretar, traduzir.
A imagem desta palavra está ligada à mitologia grega ao deus Hermes – o correio entre os deuses – tinha pequenas asas em seus pés para torná-lo mais veloz em transmitir as mensagens entre deuses e deuses, deuses e homens e as interpretava.
Logo, Hermenêutica é uma ciência e uma arte. Ciência, por envolver uma metodologia (métodos científicos de analise textual), e Arte, por ser uma metodologia que não pode ser aplicada mecanicamente, envolvendo as habilidades humanas do gênio, da inteligência artística e da criatividade.
Necessidade da hermenêutica
Jesus, depois de três anos e meio de ministério, teve a necessidade de explicar as Escrituras aos discípulos. No texto acima, o verbo “expunha-lhes”, vem do grego hermenu,“fazer hermenêutica através”, ou seja, Jesus procurou interpretar as Escrituras, e fez isso percorrendo vários livros da Bíblia.
Outro motivo que salienta a necessidade de saber interpretar a Bíblia é a existência de passagens difíceis que facilmente podem ser distorcidas. Até o apóstolo Pedro, com todos os seus predicados, teve dificuldade de hermenêutica em algum momento.
A necessidade da hermenêutica existe também devido aos fatores inerentes ao próprio texto bíblico. Vejamos alguns exemplos:
1)         Antiguidade do texto bíblico. Os 66 livros que compõem a Bíblia foram escritos entre 1500 a.C. a 100 d.C. Este período está muito longe da nossa realidade atual. Os costumes e práticas são muito diferentes das atuais. Exemplo: Mães de aluguel - Sara (Gênesis 16:12), Raquel (Gênesis 30:1-13). Há documentos que revelam que as leis da antiga Mesopotâmia permitiam isto, com suas restrições, claro. Isto é a expressão de um costume da época. Outro exemplo: Altos de sacrifício (Levítico 26:30, Números 22:41). Estes altos não estavam em cima de montanhas, mas uma plataforma mais alta que o terreno local, e poderia ser até mesmo num vale.
2)         Expressões da época: Chuva temporã e Serôdia (Deuteronômio11:14). Eram chuvas que caiam para se lançar a semente e para amadurecer o grão já na época da colheita. Estas chuvas são usadas como simbolismos da obra do Espírito Santo no dia de Pentecostes e nos dias finais da história humana (Joel 2:28-30; Atos 2:16).
3)         Barreira da Língua. Nossa língua portuguesa está muito distante das línguas bíblicas. O Antigo Testamento foi escrito em hebraico e aramaico, e o Novo Testamento escrito em grego. Estas são línguas bem diferentes e antigas, o que torna ainda mais desafiador a tarefa de interpretação a Bíblia.
Princípios Fundamentais de Interpretação
O que pensamos sobre a Bíblia é determinante sobre como interpretaremos a mesma. Por isso, vejamos alguns princípios fundamentais de interpretação.
Totalidade das Escrituras
Um princípio de interpretação da Bíblia é crer na totalidade de sua inspiração. Não podemos dizer que este livro é inspirado por Deus e aquele não. Toda ela, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento, é a revelação de Deus ao homem.
Autoridade da Bíblia
Sendo a Palavra inspirada de Deus, a Bíblia possui autoridade nas áreas da fé e vida, que decorre da autoridade divina, de Deus como Criador e Senhor e Autor das Escrituras.
A Bíblia como sua própria intérprete
Os reformadores protestantes, em sua interpretação da Bíblia, usavam a Analogia Fidei (Analogia da Fé), ou seja: a Bíblia como um todo deve ser tomada em consideração; todas as passagens que tratam do mesmo assunto devem ser consideradas; as passagens difíceis devem ser entendidas à luz das passagens claras.
Outro princípio defendido pela reforma foi o Sola Scriptura (Só a Escritura). Este princípio ensina que somente a Bíblia é a autoridade em termos de credo e doutrina. Não existe outra fonte superior de verdade.
O protestantismo, com o passar do tempo, adotou também o princípio Tota Scriptura (Toda a Escritura), ou seja, toda a Bíblia deve ser considerada como verdade. Jesus usava este método em sua interpretação da Bíblia (Lucas 24:27, 44, 45).
Dicas para o estudo da Bíblia
1) Antes de começar o estudo da Bíblia reserve duas coisas muito importantes: tempo e lugar. Reserve uma hora especial do seu dia. O ideal é que seja a primeira hora, antes de começar suas atividades normais. Procure também um lugar silencioso onde você tenha condições de assimilar a Palavra de Deus.
2) Antes de ler, faça uma oração, pedindo a iluminação do Espírito Santo sobre aquilo que irá ler. Ore para que Ele seja o Seu instrutor e que lhe dê perseverança na leitura. Lembre-se sempre que a Bíblia é o único livro cujo Autor está sempre presente, quando se o lê.
3) Não leia com pressa, mas faça-o com atenção. O objetivo não é apenas terminar a leitura programada, mas entender aquilo que está escrito. Se não entender, releia o texto escolhido.
4) Use um caderno para registrar idéias, reflexões e comentários pessoais, ou algo para sublinhar na própria Bíblia.
5) Procure entender o contexto daquilo que está lendo. Para ajudar no entendimento da Bíblia procure respostas para questões simples, tais como: Quem está falando? A quem? Por quê? Quando e onde tudo isto ocorreu? E, finalmente, esse texto pode ser aplicado à minha vida?
6) Observe que tipo de texto você está estudando. É uma história? É uma parábola? É uma poesia? Se o texto estiver falando de uma doutrina específica, como por exemplo, a segunda vinda de Jesus, procure estudar outros textos que falem a respeito dessa mesma doutrina.
7) Busque esclarecer os textos difíceis pelos paralelos mais fáceis. Por exemplo, compare o que Mateus escreveu com os outros evangelhos. Isso facilita a compreensão do todo.
8) Existem várias ferramentas que podem auxiliar na leitura, entre eles, um dicionário bíblico e uma concordância bíblica. O primeiro auxiliará na compreensão de certas palavras desconhecidas e seus significados. A concordância trará alfabeticamente, por assuntos, todos os versos bíblicos que contenham uma determinada palavra.
9) Adote um método sistemático de leitura (Lucas 24:27; Isaías 28:10). Isso pode ser feito de algumas formas:
            - Ano Bíblico - Consiste em ler toda a Bíblia durante o ano, seguindo a regra de ler três capítulos durante o dia e cinco nos finais de semana.
            - Estudo dos livros - Escolha algum livro da Bíblia e procure estudá-lo a fundo; descubra o seu autor, a quem foi dirigido, as circunstâncias sob as quais foi escrito, seu propósito e os seus ensinos principais.
            - Método biográfico - Escolha personagens bíblicos de seu interesse e estude as passagens bíblicas relacionadas. Procure aplicar as lições espirituais para a sua vida.
            - Estudo de temas - Consiste em escolher e seguir um tema através das Escrituras, como por exemplos: Batismo, Segunda Vinda de Cristo, Graça, Santuário, Morte etc.

            - Memorização - Procure decorar alguns versículos ou capítulos importantes. O cristão deve possuir, bem ordenadas em sua memória, passagens que trarão conforto, esperança e lhe serão uteis nos momentos de provação.
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